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Os Quatro Ventos | Kristin Hannah


    Você já escolheu uma leitura porque queria chorar? Bom, eu já — e foi exatamente o que aconteceu com este livro aqui. Não é que eu precise arranjar motivos para o choro, não me entenda mal, o capitalismo está aí para isso. É que eu estava com vontade de ler um daqueles livros emocionantes, que agarram o coração da gente e não devolvem por semanas, mesmo depois do fim da leitura. Mas será que escolhi bem o título desta vez?

"Se alguém chegou a notar seu súbito silêncio, nunca falou nada nem perguntou sobre a causa. Na verdade, não fazia tanta diferença. Ela já tinha aprendido a desaparecer havia muito tempo. Era como um desses animais cujo mecanismo de defesa é se mesclar com a paisagem para ficar invisível. Era seu jeito de lidar com a rejeição: não dizer nada e desaparecer. Nunca reagir. Se ficasse em silêncio por algum tempo, as pessoas acabavam esquecendo que ela estava lá e a deixavam em paz." (local: 937)

    Em Os Quatro Ventos, acompanhamos Elsa, uma mulher dos anos 1920 que vive uma vida bem longe do glamour das melindrosas de que sempre ouvimos falar quando lemos sobre esse período. Ela carrega o peso de outros títulos: frágil demais, velha demais, feia demais. E, quando decide se atrever um pouco mais, seu destino esbarra em Rafe Martinelli, um jovem de ascendência italiana que mudará sua vida para sempre.

    Parece a sinopse de um romance romântico, não é? Mas a segunda personagem mais importante deste livro é a Grande Depressão e tudo o que ela provocou nas Grandes Planícies dos Estados Unidos daquela época. A narrativa traz uma perspectiva bem diferente do que normalmente chega até nós nos livros de história.

    Falando por mim, que nunca tive muito interesse na história norte-americana além do que acabei aprendendo aqui e ali em leituras esporádicas, foi como ouvir falar pela primeira vez sobre uma grande catástrofe.

    Claro que eu sabia sobre a Grande Depressão, mas não me lembro de alguma vez ter ouvido falar sobre o Dust Bowl — a seca, o desastre ambiental e social que se seguiu e as consequentes migrações. Aprender sobre tudo isso sob a perspectiva de uma narradora "comum", gente como a gente, imersa naquela realidade, foi uma experiência que dificilmente vou esquecer.

    Mas, para ser honesta, o livro também conta com outros personagens que eu prefiro não comentar aqui. Não porque não sejam importantes, mas porque parte da minha boa experiência com essa leitura foi justamente não saber o que aconteceria a seguir e, portanto, estar o tempo inteiro aflita com o destino de Elsa. Não é o tipo de livro que você sente segurança de que haverá um final feliz — e só por isso já nos deixa ansiosos durante a leitura.


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    No fim, eu chorei. Mas não foi isso que mais me marcou nessa leitura. Vira e mexe, me pego lembrando de algumas situações, de algumas passagens, do contexto social e político — porque sim, a política está presente nessa história como esteve presente naquela época. Me pego pensando sobre a condição humana e como é frágil a vida civilizada como a conhecemos. Como, enquanto sociedade, podemos regredir e explorar os mais frágeis ao menor sinal de problemas. E como grandes eventos provocam feridas imensuráveis.

    Por fim, fica meu elogio à autora, que conseguiu mesclar fatos históricos e ficção com maestria. Ah! E depois da leitura, revendo Interestelar no relançamento nos cinemas, me dei conta de que aquele cenário inicial — das casas repletas de poeira, nuvens de terra varrendo tudo e plantações secas — é a representação perfeita do Dust Bowl (será que foi inspirado nesse evento?).

"Nunca esqueça que o Estado tem todo o poder… dinheiro, armas e recursos humanos. Mas temos a coragem e o desespero". (local: 7.346)

    Kristin Hannah é uma escritora norte-americana nascida em 1960. Seus livros foram traduzidos para 43 idiomas e venderam mais de 15 milhões de exemplares no mundo. Seu primeiro livro, A Handful of Heaven, foi publicado em 1991.



Os Quatro Ventos
★★★★★

Autora: Kristin Hannah
Tradutor: Claudio Carina 
Arqueiro, 384 páginas

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