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Este, com certeza, foi um dos livros mais hypados das bookredes nos últimos cinco anos. Publicado originalmente em 2017 e lançado no Brasil no final de 2019, Os Sete Maridos de Evelyn Hugo conquistou o coração de inúmeros leitores que decidiram falar sobre livros na internet durante a pandemia e nos anos seguintes.
Mas será que valeu o hype?
"Passei muito tempo da vida me dedicando a... maquiar a verdade.", ela explica. "Fica difícil retirar todas as camadas depois. Fiquei boa demais, acho. Inclusive, agora a pouco, eu não sabia como contar a verdade. Não tenho prática nisso. Me parece uma coisa contrária à minha própria sobrevivncia. Mas eu chego lá." (p. 37)
Evelyn Hugo é uma atriz de Hollywood que viveu o auge de sua carreira entre os anos 1950 e 1980. Para o público, sua história sempre esteve envolta em inúmeras fofocas e escândalos – e o fato de ter se casado sete vezes aumentava ainda mais as especulações. Mas, em 2017, onde a história desse livro começa, ela decide que vai contar tudo em uma biografia. E para materializar isso, entra em contato com Monique, uma jornalista que ainda não tem uma grande carreira, mas que, por algum motivo, chamou a atenção da atriz. É ela quem narra essa história para nós.
Contar mais do que isso sobre a trama pode estragar um pouco a sua experiência de leitura, então vou me dedicar a comentar mais sobre os personagens do que sobre a história, combinado?
Se Evelyn Hugo não fosse a personagem principal, com certeza ela roubaria a cena. Cheia de dualidades, acredito que o aspecto mais interessante sobre ela é que é uma mulher que tem plena consciência de como o mundo real funciona, como ele pode ser cruel – principalmente quando falamos sobre a Hollywood da década de 1950 – e como pode usar sua beleza quase exótica a seu favor.
Além disso, como a história é contada por sua versão mais velha, a autora foi perspicaz ao colocar nas palavras da própria personagem seu "juízo de valor" sobre as situações da época e como pensa sobre os mesmos acontecimentos na atualidade – e não, isso não quer dizer que ela se arrependa de tudo. Se observar bem, ela não é do tipo que perde tempo se lamentando sobre o passado.
Sua interlocutora, por outro lado, é toda lamentos. Monique, a jornalista, cumpre o papel de representar o público descobrindo a história de Evelyn pela primeira vez. Mas sua personagem é tão sem graça que, sinceramente, acredito que essa história poderia ser contada exatamente da mesma forma sem a sua participação – e ainda assim seria uma boa leitura.
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Por outro lado, por conta de todo o hype, fiquei com a sensação de que essa história poderia "ser mais". Poderia ter uma escrita mais elaborada ou se aprofundar mais em algumas cenas. E essa expectativa frustrada acabou tornando minha experiência geral não tão empolgante assim. Mas ainda tenho interesse em ler outros títulos da autora. Vamos ver o que o futuro nos reserva...
Algumas pessoas têm essa sorte. Eu sempre tive que ir atrás do que queria com todas as forças. Mas tem gente que simplesmente esbarra na felicidade. Às vezes eu gostaria de ser assim também. Mas também acho que esssas pessoas às vezes gostariam de ser como eu. (p. 319)
Taylor Jenkins Reid é uma escritora norte-americana nascida em 1983. Ela começou a escrever enquanto trabalhava em uma escola de ensino médio, até conseguir um contrato de publicação. Seu primeiro livro, Para Sempre Interrompido, foi publicado em 2013.
Os Sete Maridos de Evelyn Hugo
★★★★☆
Autora: Taylor Jenkins Reid
Tradutor: Alexandre Boide
Paralela, 354 páginas
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