Advertisement

Responsive Advertisement

O Conto da Aia | Margaret Atwood


    O Conto da Aia é uma ficção distópica que narra um futuro não muito distante e ameaçado por um novo vírus. Boa parte da população feminina não pode mais engravidar na América do Norte e esse fato é o gatilho para um golpe de estado que culminará no fim da republica e dos direitos das mulheres. Nessa nova sociedade teocrática, as poucas que ainda podem ter filhos são transformadas em Aias e enviadas para a casa de homens importantes para que sirvam a apenas um propósito: a procriação.

A sanidade é um bem valioso; eu a guardo escondida como as pessoas antigamente escondiam o dinheiro. Economizo sanidade, de maneira a vir a ter o suficiente, quando a hora chegar. (p. 133)

    Contado sob a perspectiva de uma personagem que é separada de seu esposo e filha em meio a essa "revolução", conhecemos a história de como se deu e como é a vida nessa nova organização social. E, veja bem, em muitos pontos a narrativa se passa no fluxo de consciência o que torna as experiências vividas por ela muito mais pessoais, assustadoras e dolorosas. E sabe o que mais assusta nesse livro? Nada escrito nele é surreal. Desde o vírus, uma nova variação da sífilis, até a forma como as mulheres foram subjugadas. Tudo é tão possível que chegou a me causar certo mal estar enquanto lia.

    E mesmo que seja uma leitura muito dura, esse é um livro rápido de ler. A escrita da Margaret Atwood é fluida e instigante. Li em apenas dois dias e isso, apenas porque estive sem tempo. Outra coisa que vale ressaltar é que o livro me lembrou muito o 1984, do Geroge Orwell. Principalmente no que tange a sociedade fundamentada em uma lavagem cerebral que simplesmente mantem todos na linha.

    Se até agora não foi possível notar, eu digo com todas as letras: Eu adorei esse livro. Do modo como é narrado a estrutura da história. Dos personagens a trama. E falando em personagens, acho que o mais incrível sobre a nossa personagem principal é que ela não é uma santa e se debate entre apenas aceitar a vida que tem agora e o sentimento de revolta. Esse é um livro de discussões muito pesadas e é bom estar preparado para refletir sobre todas elas.

    Para além das questões levantadas pelo movimento feminista (embora seja um dos vieses de interpretação mais importantes do livro, já que ainda vivemos em uma sociedade extremamente machista), esse também é um livro para se pensar sobre extremismo e como nos tornamos vítimas dos problemas aos quais nós mesmos não demos a devida atenção enquanto ainda havia tempo.

O momento da traição é o pior, o momento em que você sabe, além de qualquer dúvida, que foi traído: que algum outro ser humano desejou a você tamanho mal. (p. 231)

    Margaret Atwood é uma romancista, poetisa, contista e ensaísta canadense. Foi ganhadora do Prêmio Arthur C. Clarke e do Prémio Príncipe das Astúrias na categoria "letras" e indicada várias vezes para o Booker Prize, tendo o ganhado no ano 2000 com o romance O Assassino Cego.


Comprando qualquer produto através dos links do Palavra Afetiva,
você não gasta nada a mais por isso, mas me ajuda com uma pequena
comissão para manter esse projeto de pé!


Postar um comentário

0 Comentários