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Travessuras da Menina Má | Mario Vargas Llosa


    Sempre tive curiosidade para ler esse livro, desde os treze ou quatorze anos, mais ou menos. Esse título absurdamente instigante me chamava atenção como poucos outros conseguiram, mas sempre o deixei pra depois. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, afinal, naquela época eu não teria tanta maturidade para apreciar cada detalhe dessa obra. E talvez nem se quer gostasse dela. Assim, por muito tempo, eu me esqueci dele.

    Mas recentemente conheci essa pessoa que também gosta de literatura e papo vai, papo vem, acabamos inevitavelmente falando sobre os nossos favoritos. Bom, ele falou (eu sou incapaz de escolher um, não tem jeito). E falava sobre esse livro, e sobre como ele era maravilhoso. E é claro que eu fiquei curiosa. Nada melhor pra atiçar minha vontade de ler algo do que alguém que fale com paixão sobre o mesmo.

Também desta vez, tive certeza de que nunca mais voltaria a saber dela. Como das anteriores, decidi firmemente, aos 38 anos, que iria me apaixonar por alguém menos evasivo e complicado... Mas não foi isso o que ocorreu, porque na vida raramente as coisas acontecem como planejamos.

    Acontece que Travessuras da menina má não é apenas um romance sobre um homem que está invariavelmente apaixonado pela mesma mulher ambiciosa e insensível durante toda a vida. É um retrato do romantismo, um recorte temporal de um amor doentio, quase sádico, que poucas vezes foi tão delicadamente narrado.

    E isso é, segundo meu ver, a maior façanha desse autor. Logicamente, durante todo o desenrolar da história e para o bem de Ricardito, o personagem principal, a menina má é a pior coisa que poderia lhe acontecer. Mas com uma habilidade surpreendente e sua narrativa em primeira pessoa, Mario Vargas Llosa nos faz imergir no bom menino, e, mesmo com toda a raiva e magoa que a chilenita provoca, acabamos ansiando sempre por sua volta.

    Suas infinitas personalidades, seu desapego e sua inconstância são a chave que sustentam essa história. E muito provavelmente, o amor do coisinha à toa. E o autor ainda consegue driblar todos os estereótipos quando dá a menina má não apenas um passado como também um presente que a fere e a torna exatamente o que ela é. Cada mistério que orbita essa mulher indomável corrói o leitor até que ele só tenha olhos para aquelas frases bem polidas, de tal maneira que soem suaves e preciosas, mesmo que contem uma história amarga.

Bem no fundo eu sabia que nunca seria uma mulher normal. Nem queria que fosse, porque o que amava nela era também o indômito e imprevisível de sua personalidade.

    Marquês de Vargas Llosa é um escritor, jornalista, ensaísta e político peruano, laureado com o Nobel de Literatura de 2010 e autor de quinze ensaios, cinco peças teatrais e dezenove livros de ficção, dentre eles, O herói discreto, que já entrou para a minha lista de futuras leituras.


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