
Único romance escrito pela poeta americana Silvia Plath, A Redoma de Vidro é um retrato da depressão vista por dentro. Nele é narrado, de maneira quase autobiográfica, a história de uma estudante universitária exemplar de Boston que é selecionada, junto com outras moças, para um estágio em Nova York. Para Esther Greenwood, aquela parece uma oportunidade de ouro. Mas o trabalho na redação de uma revista e a vida social que praticamente lhe é imposta naquela cidade acabam se tornando o gatilho para uma crise que a levaria para a clinica psiquiátrica.
Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve de sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.
Ácido, crítico e revelador, Plath traz em primeiro plano a válida discussão sobre saúde mental e todos o sofrimento que a sociedade impõe a quem mais precisa de ajuda. Não são poucos os trechos em que Esther se sente distanciada do mundo e da realidade e em que, ao narrar fatos ou explicar pessoas, sua “voz” soa de forma quase cansada. Em muitos pontos esse é um relato, não uma ficção.
Em segundo plano, são discutidas algumas outras questões tão pertinentes quanto a ideia principal do livro. A primeira delas é a liberdade sexual. Não se deve esquecer que a história se passa no verão de 1952, e, até então, o pudor social era algo realmente sufocante. Mulheres ainda precisavam escolher entre ter uma família ou um emprego. Ou assim parecia a todas elas.
A narrativa fala também sobre o amadurecimento, nesse ponto. O passar de menina a mulher e, por que não dizer desse modo: as dores de ser mulher em um mundo escroto. Tão escroto quanto o nosso é agora, não se deixe enganar. E, a propósito, é por isso que o livro da Plath é tão atual.
De maneira magistral, a autora trata sobre depressão, amadurecimento e até mesmo feminismo (sem usar esse termo) de forma responsável e madura. Sem romantizar a dor, mas tampouco sem deixar de dar a ela toda a profundidade e particularidades que carrega. O texto é profundo e bonito, mas sobretudo, é inquietante.
Se ser neurótico é querer ao mesmo tempo duas coisas mutuamente excludentes, então eu sou uma baita de uma neurótica. Vou ficar correndo de uma coisa mutuamente excludente para a outra pelo resto da minha vida.
Silvia Plath foi uma renomada autora norte-americana, reconhecida principalmente por sua obra poética. Por se enquadrar no gênero semi autobiográfico, A Redoma de Vidro foi publicado pela primeira vez sob o pseudônimo de Victoria Lucas.
![]() |
Comprando qualquer produto através dos links do Palavra Afetiva, você não gasta nada a mais por isso, mas me ajuda com uma pequena comissão para manter esse projeto de pé! |

0 Comentários